segunda-feira, 10 de maio de 2010

Argentina: Buenos Aires

Um dos maiores conglomerados urbanos da América e do mundo, Buenos Aires é herdeira de uma rica tradição folclórica, cuja singularidade se manifesta fielmente no tango. Berço de artistas como o escritor Jorge Luis Borges e o músico Astor Piazzolla, a cidade tornou-se um centro cultural de estatura comparável a sua magnitude urbana.

Buenos Aires, capital da Argentina, constitui, como unidade administrativa, o Distrito Federal. Está situada na margem direita do rio da Prata, a 273km do oceano Atlântico, na província de Buenos Aires. Sua área metropolitana compreende diversos municípios vizinhos, com os quais forma a Grande Buenos Aires.

História. Em 3 de fevereiro de 1436, Pedro de Mendoza fundou um povoado junto à foz do Riachuelo, no estuário do Prata, a que deu o nome de Nuestra Señora Santa María del Buen Aire. Depois de cinco anos de lutas com os índios querandis, os habitantes abandonaram a localidade e se transferiram para Assunção, futura capital do Paraguai. Em 1580, Juan de Garay retomou a construção da cidade, de acordo com o traçado reticular que conserva até hoje.

Com a criação do vice-reino do Rio da Prata, em 1776, do qual foi designada capital, a cidade progrediu econômica e culturalmente, sobretudo sob a administração do segundo vice-rei, Juan José Vértiz y Salcedo. A imprensa despertou a classe dirigente para o ideal da independência, estimulado pelas invasões inglesas de 1806 e 1807 e pela invasão napoleônica da Espanha, o que deu origem ao movimento emancipador.

Em 25 de maio de 1810 constituiu-se a primeira junta revolucionária de governo, liderada pelo tenente-coronel Cornelio Saavedra. Em 1816, após a independência, Buenos Aires foi declarada capital das Províncias Unidas do Rio da Prata. Os anos seguintes foram marcados por lutas entre duas facções antagônicas: uma delas pretendia centralizar o poder em Buenos Aires e conservar para o porto o monopólio comercial do Prata; os federalistas, pelo contrário, defendiam o livre comércio e a representação das províncias no governo nacional. As divergências só foram superadas em 1880, quando o Congresso decidiu constituir um estado federativo com capital em Buenos Aires. O Distrito Federal separou-se administrativamente da província de Buenos Aires, cuja capital foi estabelecida em La Plata.

O desenvolvimento industrial do final do século XIX deu origem a um numeroso proletariado que, organizado em sindicatos e federações, protagonizou freqüentes greves e movimentos como os de 1890 e 1919. Com a grande afluência de imigrantes, a cidade cresceu rapidamente nesse período. Construiu-se a rede ferroviária, foram pavimentadas ruas e estradas e se desenvolveu a estrutura portuária. A instalação de novas indústrias a partir da primeira guerra mundial atraiu novos contingentes de imigrantes. Após a segunda guerra mundial, o processo de concentração demográfica converteu a cidade num grande conglomerado urbano.

População e estrutura. Durante o período colonial, a população de Buenos Aires sofreu um crescimento moderado. O primeiro censo, realizado em 1744, registrou 10.050 habitantes, número que duplicou em 1778. O crescimento demográfico se manteve uniforme até a segunda metade do século XIX, quando tomou um ritmo vertiginoso graças ao desenvolvimento industrial. A aceleração ocorreu principalmente a partir de 1876, ano em que foi promulgada a lei da livre imigração, vigente até 1932, quando se proibiu o ingresso de estrangeiros ao país. A Argentina recebeu grande número de imigrantes, em sua maioria espanhóis, italianos, franceses e alemães, que procuravam radicar-se em Buenos Aires.

Entre os censos de 1895 e de 1947, a população da cidade cresceu de 663.000 para 4.700.000 habitantes. As restrições à imigração não detiveram o crescimento demográfico da capital, que durante todo o século XX recebeu um contínuo fluxo de migrantes provenientes do interior do país, em busca de trabalho na indústria. Na década de 1980, a Grande Buenos Aires superou a marca dos dez milhões de habitantes, um terço da população total da Argentina.

O centro da cidade situa-se na praça de Mayo, em cujas imediações se concentram estabelecimentos comerciais, bancos e repartições públicas. Nela se localiza o palácio de governo, chamado Casa Rosada, a catedral arquidiocesana, o Banco de La Nación, a prefeitura e o antigo Cabildo, transformado em museu. Da zona central partem grandes avenidas que cortam os diversos bairros até os limites do município. Entre os bairros mais característicos da cidade destacam-se a Boca, próxima ao porto, cujas cantinas e casas pintadas de cores vivas atraem grande número de turistas, e Palermo, luxuosa zona residencial. A arquitetura religiosa colonial produziu monumentos importantes, como as igrejas de Santo Inácio, Pilar, São Francisco, Santelmo e Las Catalinas, todas do século XVIII.

Os bairros apresentam características bem diferenciadas. Enquanto na área central prevalece o traçado reticular, comum às cidades da América espanhola, os acessos à periferia se fazem por grandes avenidas radiais, de construção muito mais recente. Buenos Aires conta com mais de dois mil hectares de áreas verdes, distribuídas em dezenas de parques e praças, nos extensos jardins de Palermo e no Jardim Botânico.

Economia. A maior parte da indústria argentina está localizada na Grande Buenos Aires, cuja produção industrial representa quase dois terços da produção nacional. Os portos da capital canalizam a exportação dos produtos agropecuários do interior, sobretudo carnes, lã e cereais. Além do transporte marítimo, a cidade conta com dois aeroportos, Ezeiza e Aeroparque, e com uma extensa rede ferroviária que liga o país a outros pontos do continente e serve às populações da área metropolitana. Dentro dos limites do Distrito Federal, o transporte se realiza principalmente pela rede de ônibus e pelo metrô.

Cultura. As atividades culturais na Argentina estão concentradas em Buenos Aires. No que se refere à educação, a cidade conta com grande número de escolas públicas e particulares, associações científicas, literárias e artísticas. A Universidade Nacional de Buenos Aires é o centro de educação superior mais importante do país, à qual se somam as universidades particulares como a de Santa Maria de los Buenos Aires, a de Salvador e o Instituto Tecnológico. Numerosas bibliotecas públicas e museus, entre os quais se destacam o Nacional de Belas-Artes, o Histórico Nacional e o de Ciências Naturais, integram o patrimônio cultural da cidade, que conta ainda com cinemas e teatros, dos quais o Colón é um dos mais famosos do mundo.


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