segunda-feira, 10 de maio de 2010

Chile: Santiago

Enfeitada pelas neves eternas da cordilheira andina, Santiago, capital do Chile, tornou-se um grande centro econômico e cultural e é hoje uma das cidades mais populosas da América do Sul.

Santiago está localizada no centro do país, às margens do rio Mapocho, afluente do Maipo, que banha o fértil vale central. A cidade se ergue no sopé dos primeiros contrafortes dos Andes, sobre colinas com altitudes que variam entre 500 e 700m.

História. Fundada pelo conquistador espanhol Pedro de Valdivia em 12 de fevereiro de 1541, no sopé da colina rochosa de Santa Luzia, um local defensivo, a cidade recebeu o nome de Santiago del Nuevo Extremo por constituir o limite do mundo então conhecido. A região era habitada por índios que ficaram sob o domínio dos colonizadores. Poucos meses depois de sua fundação, Santiago sofreu um ataque indígena que a destruiu parcialmente. Recebeu o título de cidade em 1552, conferido por Carlos I da Espanha, e em 1609 passou a sediar a Real Audiencia de Concepción.

Durante o período colonial, teve um lento desenvolvimento, prejudicado pelos ataques de tribos araucanas do sul do país. A pacificação dos índios, na segunda metade do século XVIII, tornou possível o crescimento da cidade que, às vésperas da independência, contava com cerca de quarenta mil habitantes e já dispunha de teatro, plaza de toros, iluminação pública e ruas pavimentadas. Ainda nesse século Santiago foi duramente atingida por terremotos e inundações que destruíram muitas das construções mais recentes.

Em 1810 a cidade aderiu ao movimento de independência mas, depois da derrota dos patriotas em Rancagua, voltou ao poder dos realistas em outubro de 1814. As tropas de José de San Martín e Bernardo O'Higgins pressionaram os realistas, que se retiraram definitivamente em fevereiro de 1817. A cidade sofreu pouco com a luta pela independência, que se prolongou por oito anos e se definiu na batalha de Maipú, fora dos limites de Santiago.

Capital da república chilena a partir de 1818, Santiago beneficiou-se do grande crescimento do país durante o século XIX, com a exploração de minérios e produção agrícola. A riqueza permitiu a modernização da cidade, que teve sua fisionomia profundamente alterada com a expansão industrial, já no século XX. Nas últimas décadas do século XX, mais de um terço da população do país vivia na região metropolitana de Santiago.

Funções urbanas. A área urbana da capital concentra mais da metade da produção industrial do país, em que se destacam as indústrias têxteis, de alimentos, produtos metalúrgicos, de vestuário e sapatos. A mineração de cobre também desempenha papel importante na economia. O comércio liga-se principalmente à exportação de salitre, cobre, estanho e produtos agrícolas. Santiago tem um ativo setor financeiro, que inclui uma bolsa de valores, diversas seguradoras e grandes bancos, com centenas de filiais espalhadas pelo país.

Além do papel de núcleo comercial mais importante do país, Santiago é o centro de uma rede de comunicações vital para o Chile. Rodovias e estradas de ferro ligam a cidade aos portos de San Antonio, a oeste, e de Valparaíso, a noroeste, que permitem a saída de mercadorias para o oceano Pacífico. A rede de transporte urbano de massa se modernizou e cresceu, com a construção de grande parte da rede de metrô, já em pleno funcionamento na década de 1980.

Santiago tem um aeroporto internacional e outro para vôos domésticos, além de dois pequenos aeroportos civis e um militar. A proximidade do porto de Valparaíso e sua posição entre a zona mineira, no norte do país, e a zona agrícola, no sul, fizeram com que se tornasse centro econômico do Chile, vocação que concilia com o de núcleo político e administrativo do país como capital da república.

A parte antiga da cidade, edificada no sopé da colina de Santa Luzia, sobre a qual se erguia uma fortaleza, conserva o traçado original, embora a maior parte dos edifícios antigos tenha desaparecido como conseqüência dos freqüentes abalos sísmicos e das enchentes do rio Mapocho. O principal bairro comercial está localizado entre o rio Mapocho e a alameda Bernardo O'Higgins, aberta no curso drenado de um dos braços do rio, que circundavam a cidade antiga. Nessa área destacam-se ainda a praça de Armas, com o coreto, estátuas e fontes, ladeada pela catedral, o centro administrativo, o palácio de La Moneda, sede do governo, seriamente danificado durante o golpe que derrubou o presidente Allende em 1973, e o convento de São Francisco. O convento e sua igreja formam a edificação mais antiga da cidade, com elementos arquitetônicos do século XVI, embora tenham passado por muitas reformas e acréscimos. Outros edifícios históricos são representativos da segunda metade do século XVIII e do século XIX.

Cultura. A tradição universitária é antiga em Santiago, onde os centros de estudos de jesuítas e dominicanos foram transformados em universidades pontifícias em 1620. Em 1738 foi fundada a Universidade Real de San Felipe, mais tarde Universidade do Chile, e em 1888 a Universidade Católica do Chile, ambas de prestígio internacional. Em 1947 foi fundada a Universidade Técnica do Estado.

A vida cultural é cosmopolita e mostra a clara influência européia e americana sobre as instituições nativas. Uma reação nacionalista ocorreu nos últimos anos, com a valorização da criação cultural de origem indígena e mestiça, especialmente nas áreas da música, teatro, pintura e literatura. A cidade dispõe de Museu de História Natural, Museu de Belas-Artes e dois observatórios astronômicos. A Biblioteca Nacional, uma das mais importantes do mundo de língua espanhola, o Arquivo Nacional, numerosos museus, teatros e centros culturais fazem de Santiago destacado foco de irradiação cultural.

A cidade conta ainda com numerosos parques públicos, entre os quais se destacam o de San Cristóbal, dotado de zoológico e teleférico, e o de Cousiño. A transformação da colina de Santa Luzia em parque florestal e a canalização do Mapocho, em cujas margens se construiu o Parque Florestal, constituem empreendimentos urbanísticos mais arrojados.

Quando a visibilidade permite, pode-se contemplar da cidade a paisagem impressionante dos picos nevados dos Andes. A beleza natural dos arredores é fator de atração na cidade, que desempenha importante função turística. Centros de alpinismo e pista de esqui situam-se a apenas cinqüenta quilômetros do centro da cidade.


Links: